A Importância do Controle e Diagnóstico da Tuberculose Bovina nos Rebanhos
A tuberculose bovina, causada pelo Mycobacterium bovis, é uma zoonose que afeta principalmente bovinos e bubalinos. Essa doença representa um desafio significativo para a saúde pública e a economia, devido ao impacto nos rebanhos e à possibilidade de transmissão para humanos. Neste post, abordaremos a importância do consumo de alimentos inspecionados, a necessidade de testes diagnósticos e o controle rigoroso dos rebanhos para prevenir a disseminação dessa doença.
Definição e Transmissão
A tuberculose bovina é caracterizada pelo desenvolvimento de lesões nodulares chamadas tubérculos, que podem se formar em qualquer órgão ou tecido dos animais infectados. A principal via de transmissão do M. bovis é a inalação de aerossóis durante o contato direto entre animais infectados e sadios. O agente também pode ser eliminado em secreções respiratórias, leite, fezes, urina, secreções vaginais e sêmen, o que possibilita a contaminação ambiental e a transmissão através do trato digestivo, especialmente em bezerros que consomem leite de vacas infectadas.
Sinais Clínicos
Em muitos casos, a tuberculose bovina tem uma evolução lenta e os sinais clínicos podem não ser aparentes até que a doença esteja em estágio avançado. Os sinais clínicos incluem febre, inapetência, fraqueza, emagrecimento progressivo, tosse e dificuldade respiratória. A identificação precoce dos animais infectados é crucial para controlar a disseminação da doença no rebanho.
Importância do Consumo de Alimentos Inspecionados
Consumir alimentos de origem animal que passaram por inspeção sanitária é fundamental para garantir a segurança alimentar. Produtos como leite e carne podem ser veículos de transmissão do M. bovis para humanos se não forem devidamente processados. A pasteurização do leite, por exemplo, é uma medida eficaz para eliminar o risco de transmissão de tuberculose bovina e outras doenças zoonóticas, para isso, alguns critérios são adotados para a seleção de animais nas propriedades leiteiras, conforme decreto 9.013 de 29 de março de 2017. Da mesma forma, a inspeção rigorosa da carne antes da comercialização garante que produtos contaminados não cheguem ao consumidor, seguindo critérios de condenações, conforme o artigo 171 do decreto 9.013 de 29 de março de 2017.
As lesões compatíveis com tuberculose em bovinos são caracterizadas por nódulos calcificados, abscessos, e granulomas principalmente nos linfonodos, pulmões e fígado. Essas lesões podem variar em tamanho e aparência, mas geralmente apresentam um aspecto firme e amarelado, com áreas de necrose caseosa ou calcificação. Como podemos observar na imagem a seguir, as alterações são identificadas durante a inspeção sanitária e são fundamentais para o diagnóstico e controle da doença.
Necessidade de Testes Diagnósticos
A detecção precoce da tuberculose bovina nos rebanhos é essencial para controlar a doença e evitar sua disseminação. O teste de tuberculinização é o método mais comum e eficaz para identificar animais infectados. Consiste na injeção de tuberculina na pele do animal e na observação de uma reação alérgica que indica a presença da infecção. Outros testes complementares, também são utilizados para aumentar a precisão do diagnóstico.
Controle e Erradicação da Tuberculose Bovina
O controle da tuberculose bovina envolve medidas rigorosas de manejo sanitário e a implementação de programas de erradicação. As estratégias importantes incluem:
- Testes e Abate: Rebanhos são periodicamente testados e os animais infectados são encaminhados para o abate sanitário, para impedir a disseminação do agente.
- Desinfecção: Ambientes e equipamentos são desinfetados regularmente para eliminar o M. bovis do ambiente.
- Controle de Invasores: Roedores e animais silvestres como os javalis podem atuar como reservatórios do M. bovis, por isso, seu controle é importante para reduzir a transmissão.
- Educação e Treinamento: Produtores e trabalhadores rurais devem ser treinados sobre práticas de manejo seguro e a importância da detecção precoce da doença.
Risco à Saúde Pública
A tuberculose bovina é uma preocupação significativa para a saúde pública, pois pode ser transmitida aos humanos principalmente através do consumo de leite cru e seus derivados. Profissionais que trabalham diretamente com animais, como veterinários e tratadores, também estão em risco devido ao contato constante com animais infectados. Portanto, medidas de biossegurança e higiene são cruciais para proteger esses trabalhadores.
Situação no Brasil
No Brasil, a tuberculose bovina está disseminada por todo o território nacional, mas sua prevalência e distribuição regional não estão bem caracterizadas. Animais infectados podem perder de 10 a 25% de sua eficiência produtiva de leite. Considerando a importância da pecuária para a economia nacional, lotes infectados com tuberculose, geram uma perda significativa para os produtores os dados sobre a frequência da tuberculose bovina nos rebanhos brasileiros não permitem uma visão exata sobre a verdadeira extensão do problema.
O Programa Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e Tuberculose Animal (PNCEBT) foi instituído em 2001 pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Este programa visa diminuir o impacto negativo dessas zoonoses na saúde pública e promover a competitividade da pecuária nacional. As normas e procedimentos de controle da tuberculose estabelecidos pelo PNCEBT são regulamentados em nível nacional.
Conclusão
A tuberculose bovina é uma doença grave que exige atenção contínua e medidas preventivas rigorosas para evitar sua disseminação e proteger a saúde pública. Consumir alimentos inspecionados, realizar testes diagnósticos regulares e implementar práticas de controle eficazes são fundamentais para manter a segurança dos rebanhos e garantir que produtos de origem animal sejam seguros para consumo. A colaboração entre produtores, veterinários e autoridades de saúde é essencial para alcançar esses objetivos e proteger tanto os animais quanto os humanos.